segunda-feira, 3 de junho de 2013

Gen - Pés Descalços (1983)


Hadashi no Gen / Mori Masaki / Excelente!

Torrent com legenda (é preciso ter cadastro): http://fansubber.com.br/tracker/index.php?page=torrent-details&id=1bb218e56913440ca454d7702770e73ad0c68f6e

Ficha Técnica: 

Título Original: Hadashi no Gen
Ano de Lançamento: 1986
Autor: Keiji Nakazawa
Diretor: Mori Masaki
País: Japão
Gênero: Anime, Animação, Drama, Família, Fatos Reais, Guerra, Histórico

Sinopse:
Gen, Pés Descalços é um mangá de Keiji Nakazawa. Vagamente baseado em experiências próprias de Nakazawa como um sobrevivente de Hiroshima.

O mangá rodou em várias revistas, incluindo a Weekly Shounen Jump, de 1973 a 1985. Posteriormente foi adaptado para três live-actions dirigidos por Tengo Yamada, esses foram lançados entre 1976 e 1980. A Madhouse lançou dois animes baseados no mangá, um em 1983 e outro em 1986. Em 2007, uma adaptação para uma série de televisão (live-action) foi produzida, sendo lançada ao ar nos dias 10 e 11 de agosto do mesmo ano. Entre 2000 e 2001, a Conrad Editora publicou no Brasil 4 volumes do Mangá. A série começa em 1945 em Hiroshima e arredores da cidade, onde o garoto de seis anos de idade, Gen, vivia com sua família. Depois que Hiroshima é destruída pela bomba atômica, Gen e outros sobreviventes são obrigados a lidar com as consequências da destruição. É o verão de 1945. Três anos se passaram desde a guerra entre o Japão e E.U.A. começou. Gen é um jovem rapaz que vive intensamente em de Hiroshima, que foi estranhamente poupada pelos bombardeamentos que aconteciam em quase todas as outras cidades japonesas. A comida é escassa, e a família de Gen está sofrendo de desnutrição grave, que enfraquece sua mãe grávida. No tempo livre, Gen e seu irmão Shinji, ajudam seu pai e sua mãe no trabalho e tenta certificar-se de que sua família sobreviva a esses tempos duros.

Poucos sabem, o que os americanos têm guardado para a cidade de Hiroshima e até o dia 6 de agosto de 1945, suas vidas estão prestes a mudar drasticamente.

Comentário:

“É a vida começando na mais fria estação do ano. A chuva o molha, o vento o resseca, é amassado pelos pés das pessoas, mas ainda assim o trigo nasce, se enraíza e cresce. Ele sobrevive.” – Daikichi Nakaoka.

Interessante como uma metáfora tem a eloquência de dialogar com convicção e graça, sendo verdadeira e abundante em seus detalhes e desdobramentos, ampliando a visão de mundo, mesmo ela estando desgastada e funesta. “Hadashi no Gen” soube fazer uso dessa figura de linguagem, embora não se limite a uma história tipicamente de lição de vida, tal como é a essência da frase citada, mas também possui a função de denúncia patriótica (dependendo do ponto de vista do espectador), assim como conteúdo histórico imprescindível, cujos personagens principais e figurantes não são meramente ensaiados ao sacrifício, mas demonstrações verídicas de um fato, talvez nunca tão bem construído em uma animação ou em um filme “live-action” de guerra, tanto no aspecto físico como no psicológico, porém, nem sempre ambos em mesma coluna. O efeito arrasador se hospeda na alma de quem assiste a essa obra, forçando-o a emprestar seu tempo para esquecer tudo e se sentir parte da história, partilhando da daquele incidente terrível.

A família pacífica e feliz mal esperava o que estava por vir.

O filme é audacioso nessa abordagem de não ser fisicamente implícito sobre os fatídicos acontecimentos que marcaram a história da humanidade, ocorridos em 1945 durante o fim da Segunda Guerra Mundial, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. É espantoso! Pois o anime até então não dá sinais preparatórios que irá transitar subitamente de um caminho a outro, opostos ao máximo (assemelha-se em mudança de gênero); a não ser o desenrolar crível que a fita se baseia, sendo o desfecho de conhecimento de todos. O contraste referido nesse sentido não é sobre tudo está bem para em seguida tudo estar mal, porque a precariedade de vida dos japoneses naqueles tempos de guerra é patente logo no início, todavia, a maneira de tratar nas telas o dia trágico e suas consequências, evidencia-se e muito o surrealismo nefasto. Isso de algum modo tem muita força expressionista e se converte em qualidade dentro da animação, a mesclagem do contexto histórico com a contundente representação visual têm boas chances de ativar, além do normal, os sentidos do espectador e assim ter uma experiência inesquecível durante a exibição, podendo ser boa ou ruim. Ambos os resultados estão direcionados em uma causa, de fazer aquele que assiste a testemunha mais próxima possível, mas isso vai do subjetivo de cada um.

Em “Gen – Pés Descalços”, anime baseado no mangá de mesmo nome, criado por Keiji Nakazawa, temos a presença da perspectiva pueril como protagonista, podemos ter certeza de que essa é uma das razões seguras sobre o filme não perder a leveza, mesmo contando uma história tão triste e densa, pois a criança não obscurece sua visão de mundo, ela vê a vida em sua simplicidade adornada por seus desejos pessoais. Apesar de todo cataclismo e perca de entes queridos, a película tenta manter viva a esperança de um mundo melhor, não importa quantas vezes somos pisoteados, devemos ser como o trigo que continua crescendo em meio ao conflito. Somente algo me desagradou, que defino como uma das falhas mais relevantes da obra, de tentar compensar a melancolia com a adição de um elemento na história, isso meio que agride a inteligência do espectador por tamanha inocência, e pior, sem a mínima necessidade. Não dá para falar muito sobre esse ponto sem soltar Spoiler, mas quem já assistiu sabe do que se trata.

Até que acontece...

Mesmo assim continua sendo um ótimo filme dirigido por Mori Masaki, desconheço o restante de seus trabalhos, parece que Gen foi seu único filme de destaque. Filme singelo, histórico, real e impactante, que apesar de toda miséria, deixa um considerável sinal de esperança. Crescer firme em terra, com raízes profundas, apesar de toda maldade, é a única coisa que realmente temos em mão.

Avaliação: Excelente!

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