Persona / Ingmar Bergman / Excelente! |
Esse filme reforma a cabeça de qualquer um, o trato com a complexidade da existência humana é, no mínimo, visceral.
O “eu” parece ser um conjunto de micro-vidas que o definem, reações espontâneas aparentam ser reflexos de uma vontade falsa e não dominante. Assim como a matéria é formada por conjuntos de átomos; o eu, a alma, a consciência são constituídos por fragmentos que definem as reações, os desejos e sentimentos. Fragmentos esses não meramente físicos, entretanto, organismos que transcendem o nosso ponto de vista dimensional, é preciso uma coragem sobrehumana para se arriscar nessa odisséia sem parâmetros. E foi isso que Elisabeth teve nessa sufocante luta de superação de limites, de fazer aquilo que consideramos impossível, destruir as potências automáticas que regem a Persona como um todo, até alcançar uma única partícula dentro de si que para ela seria a verdade absoluta, quando todas as outras, vistas por ela como mentiras, movimentos e domínios que aprisionavam a sua mais abissal essência, não só dela, mas de todos. Elisabeth se entorpeceu na tentativa de assassinar o seu conjunto de reações, até finalmente chegar no que, de fato, importava para ela: o seu “eu” verdadeiro. Obra-prima impactante do Bergman. Lamento, mas acho que tudo o que falar sobre ele é pouco, filme de uma complexidade infinita!
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