Shutter Island / Martin Scorsese / Excelente! |
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Contém Spoilers:
Não dou muita importância que “Ilha do Medo” apresente um desfecho meio desgastado, essa fantasia de segunda personalidade e a grande reviravolta no final. Acredito que no caso deste filme isso tem pouca relevância, porque ele justifica muito bem o que está fazendo a ponto de ser considerado genial. De toda forma, só me lembro de três obras com essa temática: O clássico “Clube da Luta” (desse ninguém “pode” reclamar), “Psicopata Americano” e “O Operário”.
Pelo que entendi, o protagonista (Leonardo DiCaprio) sempre foi Andrew Laeddis, o psicopata que ele tanto tinha obsessão de encontrar para assim realizar a sua “vingança”. Ele criou a fantasia de Teddy Daniels, o agente federal, para se livrar da culpa que sentia por ter sido o “responsável” pela morte de sua família, ele não suportava o fato da própria esposa com tendências suicidas ter afogado os seus filhos e em seguida ter a matado por razão disso. O acontecido é revelado no final e o espectador finalmente entende a dimensão de seu trauma. Ele se sentia o principal responsável pela tragédia porque não deu a devida atenção que Dolores necessitava, não buscou ajuda para tirar o tal “inseto que vivia dentro de seu cérebro, puxando todos os fios por diversão”, segundo ela contou após sua primeira tentativa de suicídio. Então, por esse motivo, ele se sentia o próprio assassino de seus filhos. De nenhum modo achei que esse filme é previsível lá no começo, mesmo que o Daniels já se mostrasse abalado, com náuseas, enxaquecas e sonhos estranhos, não eram provas suficientes que ele seria o “louco da história” no sentido que é exibido, entretanto, apenas como um profissional com problemas sérios. Evidentemente que nós fazemos essa ligação quando completamos o desfecho, mas sem isso, “Ilha do Medo” seguia a trajetória de um ótimo filme de suspense normal, com muitas conspirações e complexos psicológicos. É interessante como a película muda a nossa perspectiva sobre as personagens em geral, o que antes eram vilões mafiosos, cientistas loucos com objetivos extremistas, passam a serem os “mocinhos” que sempre se preocuparam de verdade com seus pacientes. Durante a grande revelação, a obra ainda tem a maestria de nos implantar a enorme dúvida em quem acreditar, não só faz uma “lavagem cerebral” em Andrew, mas também no espectador.
Desfecho genial, pois a fita é bem sucedida em desconstruir a confiança que depositamos em Teddy Daniels, mesmo um protagonista tão perturbado. O que comentei aqui foi só o básico da história, pois “Ilha do Medo” tem muito mais detalhes e indiretas que só poderei reparar melhor em uma segunda vez. Ótimo filme, de muito bom gosto!
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